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O Facebook, outras redes sociais e uma conspiração

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011




É um defeito meu olhar as instituições pelo lado financeiro e político. E quando isso se mistura, dinheiro e governo - que por sinal rimam bem -, temos algo repugnante. 

Por trás das mais inocentes formas de liberdades de expressão, temos as máscaras sinistras do poder. Sabemos: religião, política, esporte, arte, cultura... até mesmo as inocentes redes sociais. Todas elas têm sua carapuça oculta infame. Essa teoria conspiratória, acredito, deva lá ser verdade.

Ao assistir o genial filme A Rede Social, que mostra a rede de intrigas que envolveu a criação e o desenvolvimento do Facebook, deparamo-nos com essa idéia, de jogo sujo pelo dinheiro e poder. Por trás de cada rosto risonho na tela do perfil, que são centenas de milhões, há bilhões em dinheiro. Emprestamos nossa mútua colaboração às redes sociais sem pedir nada além de seu serviço grátis. Grátis, em parte. Um dia, quem sabe, descobriremos o preço.

Não pedimos nada, mas eles ganham muito. Só colecionamos amigos. Eles colecionam fortuna. Colecionam também, você sabe, aqueles trilhões de fotos que são postadas em álbuns. É uma privacidade escancarada. Uma liberdade de expressão ilusória. Mas e daí? A gente “curte” isso.

E a amizade hoje em dia, hein? Clique ali em “adicionar aos amigos” e espere a resposta confirmando. Pronto, você tem um novo amigo. Simples, fazer amizade hoje em dia. Mande um recado, comente foto, curta isso e aquilo. Atualize a página. Solicitações de novas amizades. Novos recados. Aniversários próximos. Ah, clique ali também em algum link patrocinado, naquela promoção acolá, no preço! Não esqueça de dizer o que você está pensando agora. Pode ser uma frase pseudo-filosófica ou trecho da letra de uma música de forró de sucesso no momento. 

Tempos modernos, esses.

Não sou contra isso. Até já tentei criar conta no Facebook. Desisti. Já tive conta no Orkut. No Twitter ainda tenho. Mas não quero encher a boca e dizer que não sou um dos mais de meio bilhão de pessoas com perfil que curtem alguma coisa qualquer de lá. Não vale a pena, presumo. É só por uma coisa, e vou te contar: sou saudosista.

O Facebook chegou a preparar pra mim uma lista enorme de pessoas que há anos não via. Incrível. Quisera eu vê-los pessoalmente, ao acaso, espontaneamente, e não assim, de modo forçado. Por ora, prefiro empregar meu tempo em outras coisas. Pode até ser que eu volte a criar uma conta. Agora, não. Quem sabe um dia quando eu me desfizer desse discurso. Discurso esse que pode até ser falso moralista mesmo.

Um problema para quem não está em redes sociais é não consiguir guardar de cor datas de aniversários. Prefiro colocar no calendário. E também, se for pra mandar recado de parabéns, preferiria, mil vezes, mandar ou receber carta. Ou e-mail. É bem mais pessoal que dizer “parabéns @fulanodetal, desejo #muitasfelicidades” ou curtir a mensagem de alguém dizendo “hj eh meu niver!!!”.

Outra coisinha que incomoda é a imagem que cada um monta de si ou a imagem que criamos de alguém. Isso é motivo de uma longa divagação e não vou me permitir a isso.

Ah, tempos modernos... ah, redes sociais! E a gente se torna tão dependente. E as redes sociais também dependem da gente pra crescer, se endinheirar mais. As cartas perfumadas que ficam guardas na gaveta, com outros papeis amarelados pelo tempo, vão voltar? O sentimento pessoal, quem diria, e puxa vida, parece perecer.

Seria um absurdo dizer, enfim, que estas redes sociais estão se apoderando do que há de mais nobre no pensar e no sentir humano? Afinal, as redes sociais arquivam, com nosso termo de consentimento livre e esclarecido, nossos pensamentos, devaneios, arquivos etc. Sabem, tintim por tintim, das ondas de sentimentos que estão predominando em qualquer determinado momento da existência atual.

É um absurdo, então, pensar que estão monopolizando o sentimento humano em kbytes de memória?

Defender esse meu ponto de vista parece ser a luta mais vã.