Assim começa uma guerra...
“Povo nobre e altivo do Crato, peço permissão para falar sobre o povo imundo do Juazeiro, que vive guiado por Satanás.”
“Povo nobre e altivo do Crato, peço permissão para falar sobre o povo imundo do Juazeiro, que vive guiado por Satanás.”
Essa frase bombástica foi proferida por um vigário pertencente a uma comitiva pastoral que visitava o Crato, pouco antes de Juazeiro do Norte – à época Joaseiro – sagrar-se independente. Foi o marco embrionário para a eterna rixa entre cratenses e juazeirenses.
Sabia-se que o povoado de Juazeiro estava sendo extorquido pelo Crato. Eram pesados os impostos cobrados e o retorno era por demais insuficiente para acompanhar o crescimento vertiginoso de Juazeiro. O embate editorial entre os jornais de Juazeiro – O Rebate – e de Crato – O Correio do Cariri – eram fervorosos. Uma verdadeira convocação para guerra.
Juazeiro estava levantando a bandeira da independência. “Morrer ou vencer pela liberdade de Juazeiro.” Após frustradas tentativas diplomáticas de tornar-se independente do Crato, foi necessário recorrer às preces e à pólvora. O povo de Juazeiro estava armado: rifles, espingarda, cacete, punhal e reza, muita reza. Crato até preparou exército para cobrar os impostos atrasados dos insurgentes. Quando viu a cena de um povo armado até os dentes, arregou. O jeito era fazer um acordo de paz entre Juazeiro e Crato que pusesse fim naquele barril de pólvora. E assim aconteceu: em 22 de julho de 1911, a Lei 1 028 foi aprovada pela Assembleia Legislativa do Ceará e criou a vila autônoma do Juazeiro.
...e o começo de uma nova história
A guerra não acabou por aí e o problema agora se tornou interno. Quem seria o novo prefeito de Juazeiro? A lista era grande e despontavam figuras ilustres: doutor Floro Bartolomeu, padre Alencar Peixoto, major Joaquim Bezerra... A briga foi intensa pela liderança do novo município.
A guerra não acabou por aí e o problema agora se tornou interno. Quem seria o novo prefeito de Juazeiro? A lista era grande e despontavam figuras ilustres: doutor Floro Bartolomeu, padre Alencar Peixoto, major Joaquim Bezerra... A briga foi intensa pela liderança do novo município.
Contracorrente, o ponto final foi dado pela figura mais ilustre de todo o Ceará. Padre Cícero Romão Batista, o padim Ciço, nomeou-se prefeito da nascente e promissora Juazeiro. Isso provocou a fúria de alguns pretendentes ao cargo e a devoção dos fieis seguidores do santo do sertão.
E já se passaram 100 anos desde então. Juazeiro do Norte guarda outras grandes histórias dignas de memória, estudos e filmes. Uma cidade riquíssima culturalmente e mística por excelência, no berço do Cariri.
Hoje, Juazeiro do Norte é a maior cidade do interior cearense, mesmo tendo um território cinco vezes menor que o do Crato. Tem quase 250 mil habitantes e continuar a crescer vertiginosamente. A árvore que lhe emprestou o nome, Ziziphus juazeiro é tal qual essa cidade centenária: símbolo de resistência (por continuar viçosa mesmo em meio à mais rigorosa seca) e acolhimento (por sua copa frondosa que oferece agradável sombra em meio ao mais tórrido sol).
Hoje, Juazeiro do Norte é a maior cidade do interior cearense, mesmo tendo um território cinco vezes menor que o do Crato. Tem quase 250 mil habitantes e continuar a crescer vertiginosamente. A árvore que lhe emprestou o nome, Ziziphus juazeiro é tal qual essa cidade centenária: símbolo de resistência (por continuar viçosa mesmo em meio à mais rigorosa seca) e acolhimento (por sua copa frondosa que oferece agradável sombra em meio ao mais tórrido sol).
Como diz o Hino do Centenário,
"Teu passado, Juazeiro, é glorioso.
Teu presente um pujante florescer
Teu futuro é grandioso
Construído com trabalho e com fé."
Dá-me um orgulho danado ter nascido nessa terra. E ter começado a minha história aí.
Contagem regressiva zerada... O que fazer com a obra mais representativa do centenário de Juazeiro? |