Páginas

Subway to Venus

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011



Encontrei um livro chamado “1000 Obras-Primas da Pintura”. Bastou folhear para me apaixonar. É o tipo de livro que toda criança preguiçosa sonha em “ler”, já que tem mais figuras coloridas que texto. Ao menos na minha infância eu sempre busquei mais os livros repletos de desenhos, pouco importava o conteúdo. Mas esse livro tem ambos: conteúdo e cores. O livro mostra toda a longa caminhada das pinturas nos seus mais diversos estilos, desde o século XV até os dias atuais. Experimente folhear rapidamente esse volumoso livro das últimas páginas às primeiras. O contraste das obras é impressionante, fascinante, intrigante, instigante... e -ante.

As principais obras-primas da pintura são acompanhadas de comentários curiosos, além de uma curta biografia do pintor.

Não deixei de me surpreender a cada página - e não cheguei nem perto de ver 5% do conteúdo. Só pra dar um gostinho, resolvi aqui colocar um pouco do que encontrei sobre a obra O nascimento de Vênus, de Sandro Botticelli. Essa clássica obra-prima todo mundo já conhece - está até em moeda de Euro e naquele seu livro de literatura do ensino médio - mas são várias as simbologias incutidas nela.


Conhecendo Botticelli...
Botticelli viveu entre 1445 e 1510 em Florença, filho de um cidadão abastado. Não se interessava muito por leitura, escrita ou matemática. Seu pai notou que seu filho nunca se tornaria um erudito, mas reconheceu seu dom pelo desenho e o pôs como aprendiz de um pintor monge. Botticelli admirava seu mestre, mas não era entusiasta do realismo que vigorava até então nas pinturas. Preferia, por assim dizer, pintar sonhos, ideais. Botticelli, sabe-se, nunca foi um grande pintor de fatos, não usava cores marcantes e era um péssimo anatomista. Mas tornou-se conhecido por seu dom de realizar obras que misturavam pintura e poesia, sonho e idéias abstratas.

...e destrinchando Vênus
O nome Vênus já mostra a influência clássica romana com a deusa do Amor, e não Afrodite, deusa grega. Diz-se que assim que você lança o olhar sobre a obra, encontra primeiramente o gesto tímido e recatado da mão esquerda de Vênus, no centro. Em seguida, o torso recurvado nos lembra que Botticelli pecava na anatomia inventando articulações. Contudo, seu traço realça um corpo feminino sinuoso, puro e um rosto introspectivo. Como a obra diz, trata-se do nascimento de Vênus, que como deusa já nasce adulta, no mar. O interessante é que ela é levada até praia, embarcada numa concha, que é impulsionada pelo Vento Oeste, simbolizado pelo Zéfiro. O Zéfiro, assoprando, é retratado raptando uma ninfa chamada Clóris, delicadamente abraçada ao seu corpo. Clóris simboliza aí o ato físico do amor. Na praia, as ondas calmas entregam Vênus à Hora, que simboliza a Primavera e o renascer, a qual aguarda a deusa recém-nascida com um luxuoso manto para cobri-la. Toda esta cena é permeada de flores típicas da primavera (rosas, mirto, flores de laranjeira, amentilhos). Essa pintura tem a dimensão de 1,73m por 2,79m e está exposta na Galleria degli Uffizi, Florença. Ô, eu lá!

Esse é o detalhe da obra que mais chamou minha atenção. Ah, Clóris e sua perninha...
Bem, tentei grosso modo resumir a cena da obra. No texto original do livro, fala também da disposição espacial e outras coisas técnicas que anseio em aprender um dia.

Pra esse papo não acabar sem outra coisa interessante, mas divertida:
Paródia com a turma da Mônica em "História em Quadrões"

Para ver dezenas de outras paródias do nascimento de Vênus, segue o link aqui.
► Leia mais...

A arte de hoje

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011



Às vezes me pergunto o que é arte hoje em dia. Hoje, uma coisa qualquer pode ser uma fantástica obra de arte. Não precisa ser bem elaborada. Basta ter uma veia que se autointitule artística e que tenha um público alvo que aprecie uma idéia que pode beirar o ridículo para outro público. Aí está o terreno para explanações estéticas e conceituais do impacto da arte na modernidade. A arte hoje pode ser estranha, incongruente e insignificante para uma grande maioria. Isso por que, antes, artista mesmo, com dom, era admirado por qualquer um. Qualquer um se impressionaria com afrescos da Capela Sistina, com telas do Museu do Louvre ou com estátuas do Aleijadinho. Isso por que todos vêem ali uma arte que expressa uma mensagem direta, mesmo que intrigante. E não ligamos se há tom sobre tom, iluminação secundária ou qualquer outra conceituação artística. Simplesmente admiramos a obra, diretamente. E hoje? Bem, hoje você olha para um quadro branco ou uma geringonça pendurada ou jogada espetacularmente ao chão. Daí você, para entender – se é que é para entender -, começa a filosofar o por quê daquilo. Sai dali intrigado. Mas além de intrigado, não abstrai nada além de uma viagem alucinante em busca do que o autor quis mostrar. Essa mesma viagem é resultado talvez de uma idéia artística mergulhada ebriamente no mundo fabuloso dos efeitos psicóticos ou narcóticos. Ou não.

Aproveitando a deixa, me surpreendi com um trabalho que conferi, despropositado, no Centro Cultural Banco do Nordeste (Fortaleza). Encontrei, surpreso, um ensaio fotográfico feito em plena Praça Padre Cícero,no centro histórico de Juazeiro do Norte, em frente à fonte com a estátua de bronze do padre Cícero. Como nessas artes de hoje, saí intrigado e tive que registrar aqui. Presumo que deva ser algum registro de movimento por igualdade sexual ou coisa do gênero. Perdoe minha ignorância em não procurar o nome do artista ou sequer me informar sobre o que ele quis expressar com essas fotos. Isso fica a critério de cada um... Mas o padre Cícero, caramba, não aprovaria isso, logo embaixo do seu nariz.

No calorão de Juazeiro do Cariri, eis uma forma não convencional de se refrescar.
O guardinha municipal: "Aqui é terra de cabra homi, dotô!"
Essa, em particular, achei um desrespeito. E gay.


Trilha sonora dessa imagem: "Picolé caseiro Kariri, a qualidade é que faz a diferença".
► Leia mais...